Como calcular a lucratividade total do seu negócio
Para saber como calcular a lucratividade total do seu negócio, é necessário entender as teorias de precificação, custos de produção e tributação, bem como a cadeia de distribuição e o mercado no qual sua empresa está inserida.
Afinal, os gestores precisam acessar informações de compras, de insumos, de produção, de recursos humanos, de logística de distribuição, de quota de mercado (market share) e de outros fatores para entender a lucratividade total do negócio.
Além disso, a grande maioria das empresas costuma produzir uma ampla gama de produtos, cada um com custos diferentes e, por isso, os seus processos de contabilidade costumam ser muito complexos e detalhados.
Continue a leitura e saiba mais:
Lucratividade total e margem de lucro: qual a ligação?
A margem de lucro de um produto é, basicamente, um indicador estatístico que mostra o quanto uma empresa lucra, efetivamente, com a venda dos seus produtos, estando diretamente relacionada ao crescimento sustentável do negócio.
Em outras palavras, um faturamento alto não significa, necessariamente, que a empresa irá possuir uma boa margem de lucro. Pelo contrário, isso pode acarretar problemas na lucratividade total e gerar até mesmo prejuízos financeiros para o seu negócio, principalmente se os seus custos fixos e variáveis forem altos.
A Puma, por exemplo, mesmo sendo uma das principais empresas do ramo esportivo e tendo um grande contingente de vendas, chegou à beira da falência na década de 90, acumulando mais de 100 milhões de dólares em dívidas.
Como calcular a lucratividade total do seu negócio?
Calcular a lucratividade total do seu negócio não é tão difícil quanto parece.
Porém, para que esse cálculo seja efetivo, é preciso que ele seja feito da maneira correta, pois qualquer equívoco pode resultar em um erro de avaliação e prejuízos. Nesse sentido, a primeira coisa que você precisa ter em mente é a diferença entre a margem de lucro líquida e a margem de lucro bruta, que são bem diferentes.
A margem bruta é uma visão ampla do lucro. Imagine que você vende um produto a 300 reais, mas gasta 140 para produzi-lo. O seu lucro bruto será de 160.
Já a margem líquida, é mais verídica, pois ela leva em consideração todos os custos agregados, abrangendo também todas as despesas fixas e variáveis que o empreendedor tem em seu negócio, como água, luz, internet, aluguel, despesa com funcionários, impostos, softwares, programas, entre outras.
A fórmula para este cálculo é:
Lucro líquido = lucro bruto – despesas (fixas e variáveis)
Seguindo o exemplo acima, dos R$ 300 de lucro bruto, deve-se descontar ainda outras despesas da empresa. Logo, seu lucro líquido será menor.
Como calcular o custo de um produto sem prejuízos?
Como dito anteriormente, para base do cálculo, é necessário evidenciar todos os custos, despesas e o lucro projetado para aquele produto.
Custo fixo
Os custos fixos são apontados como os gastos invariáveis, ou seja, independente do volume produzido, esses valores não mudam, como por exemplo:
- Salários;
- Prolabore;
- Aluguel;
- Contas fixas como telefone e internet.
Custo variável
Contrariamente aos custos fixos, os custos variáveis são todos os gastos que oscilam conforme o volume de produção, portanto, a matéria-prima comprada e transformada é um custo variável, visto que, quanto mais a indústria produz, mais insumos serão consumidos. Neste apontamento, também entram as contas variáveis como energia elétrica, água e manutenções corretivas.
Ou seja, sem o apoio de um sistema de gestão que organize, apure e informe todos os valores embutidos da produção, não tem como calcular o custo de um produto com competitividade comercial e lucratividade total ao mesmo tempo.
O DRE pode te ajudar nesse processo!
RE é um sigla para Demonstrativo ou Demonstração de Resultado do Exercício. Esse documento é obtido após detalhar os valores das receitas, lucros, custos, despesas, entre outras contas relevantes, para encontrar sua situação financeira.
Quando esse relatório é elaborado com a finalidade de melhorar a gestão pelo administrador de um negócio, ele é chamado de DRE Gerencial.
Para que serve o DRE?
O DRE uma ferramenta de gestão utilizada para conferir o desempenho financeiro da empresa. Sendo assim, demonstra qual é o lucro (ou prejuízo) do seu negócio dentro de um determinado período. A partir das informações sobre as vendas e gastos, é possível refletir sobre os custos e despesas organizacionais e reavaliar possíveis mudanças. É, também, um dado importante para quem busca financiamento bancário ou atrair investidores.
Isso porque ele fornecer informações, como:
- despesas excessivas e quais estão aumentando;
- receitas que aumentaram ou reduziram;
- capacidade da empresa de gerar lucros;
- custos mais significativos;
- se a empresa teve lucro ou prejuízo naquele período;
- necessidade de investimento;
- projeção de custos — quais são os custos da empresa em um momento futuro.
Esses são dados valiosos para melhorar a tomada de decisões pelo gestor, já que trazem uma visão ampla, geral e transparente das contas do seu negócio.
Por exemplo, você poderá identificar quais são as despesas excessivas ou desnecessárias e poderá eliminá-las, bem como encontrar as maiores fontes de receita e maximizá-las, o que impulsionará o desenvolvimento do negócio. Demais né?
Como fazer o DRE?
Na prática, o DRE pode ser gerado por um sistema de gestão especializado. Essa tecnologia recolhe os dados do seu negócio e inclui as informações mais importantes para melhorar sua gestão. A elaboração do DRE não tem um modelo único, variando, assim, conforme o porte e a atividade da empresa. De forma geral, o relatório é dividido em duas colunas, sendo a primeira para indicar os itens listados e a segunda para inserir valores e efetuar os cálculos.
Sua estrutura inclui:
- Receita Bruta de Vendas;
- (-) Deduções das Vendas;
- (=) Receita Líquida de Vendas;
- (-) Custo do Produto Vendido;
- (=) Resultado Bruto;
- (-) Despesas Gerais;
- (+) Outras Receitas;
- (-) Despesas Financeiras;
- (+) Receitas Financeiras;
- (=) Resultado Antes do IR/CSLL;
- (-) IR/CLSS;
- (=) Resultado Líquido do Exercício.
LEIA TAMBÉM – DRE: entenda o que é e aprenda como fazer
Mas como fazer a precificação correta?
Muitas empresas caem na armadilha dos cálculos imprecisos e acabam encontrando prejuízos ao invés de lucros no fim do mês. Para obter bons resultados, seja para um produto ou serviço, é preciso levar uma série de fatores em conta que a maioria dos gestores não costuma identificar e colocar na ponta do lápis.
Atualmente, os principais métodos utilizados são os de mark-up e margem bruta. Se você ainda não sabe a diferença entre eles continue lendo este post e saiba agora qual é o melhor método para evitar erros e baixas inesperadas nos rendimentos de sua loja!
Entenda o que é mark-up
Podemos considerar o mark-up como um índice que irá analisar se o preço do seu produto ou serviço está fora do que seria o seu valor ideal. Para essa análise, utilizamos o mark-up (índice multiplicador) sobre o custo que se teve para obter aquele produto final. A ideia é que o lucro seja uma margem do seu custo.
Esse é o método mais usado, e também o mais simples e direto — o que não significa que é um método preciso. O que torna o mark-up um método extremamente simples e fácil de ser usado é exatamente o fato de ele ser um índice multiplicador que é aplicado no custo final. Nesse sentido, o cálculo empregado para se chegar ao preço de venda por meio do mark-up irá contemplar apenas o custo da mercadoria e o IPI na operação. Ou seja, o índice multiplicador será aplicado somente no custo que a mercadoria teve para ser produzida.
Leve em consideração, por exemplo, que um produto custa R$ 4,00 para ser produzido e o seu IPI é de 10% do seu custo, o que significa R$ 0,40. O mark-up aqui deverá ser aplicado sobre o valor total, ou seja, R$ 4,40 (preço de custo + IPI). Você pode estabelecer a margem de lucro que deseja obter sobre cada produto. Se o objetivo é ter 30% de lucro, por exemplo, você deverá multiplicar o valor acima por esse percentual. Dessa forma:
(4,00 + 0,40) X (1 + 30%)=R$5,72
Nesse caso, o preço de venda de seu produto utilizando o método mark-up é de R$ 5,72.
A vantagem desse método é que a sua margem de lucro será calculada em cima do custo total do produto, levando em consideração todas as variáveis.
Entenda o que é margem bruta
Chamada também de margem de contribuição, a margem bruta calcula o lucro efetivo de venda do produto, sendo uma parcela de seu preço. Esse método leva em consideração o ganho — e não o custo, como é o caso do mark-up. Com a margem bruta, já é possível prever o lucro que será obtido com as vendas.
Para exemplificar, vamos continuar com o exemplo anterior, em que o preço de custo do produto é de R$ 4,00 e o IPI a 10%, resultando em R$ 0,40. Para calcular a margem bruta, é preciso considerar também outros dados, como o ICMS de entrada e também o PIS e a COFINS. Vejamos:
- ICMS de entrada = 18%
- ICMS de saída = 18%
- PIS + COFINS = 1,65% + 7,6% = 9,25%
Colocando esses dados na prática, os resultados seriam esses:
- ICMS de entrada = R$ 0,72
- ICMS de saída = R$ 1,03
- PIS + COFINS (para o custo) = R$ 0,37
- PIS + COFINS (para a venda) = R$ 0,53
Com isso, temos o seguinte custo com o produto:
- Preço de custo líquido do produto = custos + IPI – ICMS – (PIS+COFINS)
- Preço de custo líquido do produto = 4,00+ 0,40 – 0,72 -0,37 = R$ 3,31
E, se utilizarmos o mesmo preço de venda que definimos com o método mark-up, podemos calcular a margem de lucro da seguinte maneira:
- Preço de venda líquido do produto = preço de venda líquido – ICMS DE SAÍDA – (PIS + COFINS)
- Preço de venda líquido do produto = 5,72 – 1,03 -0,53 = R$ 4,16
Agora, sabendo o preço de custo e de venda líquido do produto, você poderá calcular sua margem de lucro com esta fórmula:
- Margem bruta = (preço de venda líquido – custo líquido)/ preço de venda líquido
- Margem bruta = (4,16 -3,31) /4,16
- Porcentagem real de lucro: 20,43%
Fique de olho nas diferenças
Como vimos, as diferenças entre o mark-up e a margem de lucro são nítidas. Enquanto o mark-up calculou um lucro de 30%, o cálculo com a margem bruta indicou que, na verdade, esse número fica ligeiramente acima de 20%.
Portanto, apesar do cálculo do mark-up ser muito mais simples, ele pode resultar em um valor duvidoso, visto que, na realidade o percentual de lucro será menor. Isso acontece porque outras despesas operacionais devem ser incluídas, além dos impostos, para se obter um resultado completo.
Por essa razão, o método mark-up pode ser enganoso, e levar os seus negócios a ter alguns problemas, fazendo com que os números não batam no final do mês. A margem bruta para fazer a precificação de seus produtos é a ideal, já que, além do custo do produto, também leva em consideração outros dispêndios do seu empreendimento.
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